Lobo Ibérico
Portugal foi continuamente ocupado desde a Pré-História. Em 29 a.C. era habitado por vários povos, como os Lusitanos, quando foi integrado no Império Romano como a província da Lusitânia, de Viseu a Zamora, influenciando fortemente a cultura, nomeadamente a língua portuguesa, na maior parte originada no latim. Após a queda do Império Romano, estabeleceram-se aí povos germânicos como os Visigodos e Suevos, vindo do norte da Áustria. No século VIII seria ocupado por árabes.
Durante a reconquista cristã foi formado o Condado Portucalense, primeiro como parte do Reino da Galiza e depois integrado no Reino de Leão. Com o estabelecimento do Reino de Portugal em 1139, cuja independência foi reconhecida em 1143, e a estabilização das fronteiras em 1249. Portugal reclama o título de mais antigo estado-nação europeu.
O lobo-ibérico (Canis lupus signatus) é uma subespécie do lobo-cinzento que vive na Península Ibérica. Outrora muito abundante. A sua população atual deve rondar os 2000 indivíduos, dos quais cerca de 300 habitam a região norte de Portugal.
Lobo ou lobo-cinzento (Canis lupus) é o maior membro selvagem da família canidae. É um sobrevivente da Era do Gelo originário do Pleistoceno Superior, cerca de 300 mil anos atrás. O seqüenciamento de DNA e estudos genéticos reafirmam que o lobo cinzento tem uma ancestralidade comum com o cão doméstico (Canis lupus familiaris). Apesar de alguns aspectos desta afirmação ter sido questionado recentemente. Uma série de outras subespécies do lobo cinzento foram identificadas, embora o número real de subespécies ainda esteja em discussão. Os lobos cinzentos são tipicamente predadores nos ecossistemas que ocupam. Embora não seja tão adaptável a presença humana como as espécies de canídeos mais generalistas, os lobos têm-se desenvolvido em florestas temperadas.
O lobo-cinzento, o lobo-vermelho (Canis rufus) e o lobo da etiópia (Canis simensis) são as três espécies oficiais de lobos, os demais são considerados subespécies.
Características
Um pouco menor e esguio que as outras subespécies do lobo-cinzento, os lobos-ibéricos machos medem entre 130 a 180 cm de comprimento, enquanto as fêmeas medem de 130 a 160 cm. A altura ao garrote pode chegar aos 70 cm. Os machos adultos pesam geralmente entre 30 a 40 kg e as fêmeas entre 20 a 35 kg.
A cabeça é grande e maciça, com orelhas triangulares relativamente pequenas e olhos oblíquos de cor amarelada. O focinho tem uma área clara, de cor branco-sujo, ao redor da boca. A pelagem é de coloração heterogênea, que vai do castanho amarelado ao acinzentado mesclado ao negro, particularmente sobre o dorso. Na parte anterior das patas dianteiras possuem uma característica faixa longitudinal negra.
Reprodução
A época do acasalamento abrange o final do inverno e princípio da primavera (Fevereiro a Março). Após um período de gestação de 2 meses nascem entre 3 e 8 crias (lobachos), cegas e indefesas. As crias e a mãe permanecem numa área de criação e são alimentadas com comida trazida pelo resto da alcateia.
Por volta de Outubro as crias abandonam a área de criação e passam a acompanhar a alcateia nas suas deslocações. Os jovens lobos alcançam a maturidade sexual aos 2 anos de idade. Aos 10 anos já são considerados velhos, mas em cativeiro chegam a viver 17 anos.
Morfologia
O lobo é um mamífero de grande porte, sendo actualmente o maior canídeo selvagem. A espécie é caracterizada por uma cabeça volumosa, de aspecto maciço, com orelhas rígidas e triangulares, relativamente curtas e pouco pontiagudas. Os olhos são frontalizados, oblíquos, em relação ao focinho, e cor de topázio.
O lobo ibérico é, de entre as subespécies de lobo, a que apresenta menores dimensões e peso ( altura ao garrote - 70 cm; peso - 25 a 40Kg).
Caracteriza-se por possuir uma pelagem castanho amarelada no tronco. O focinho, ruivo com tons intermédios entre o canela e o amarelo canela, apresenta uma região mais clara, em tons de branco sujo, que parte obliquamente da garganta até ao ângulo externo do olho. O dorso é marcado por uma lista negra, que se estende do pescoço à cauda.
Alimentação
Sua alimentação é muito variada, dependendo da existência ou não de presas selvagens e de vários tipos de pastoreio em cada região. A vida em alcateia permite ao lobo caçar animais bastante maiores que ele próprio.
As suas principais presas são o javali, o corço e o veado, e as presas domésticas mais comuns são a ovelha, a cabra, a galinha, o cavalo e a vaca. Ocasionalmente também mata e come cães e aproveita cadáveres que encontra, isto é, sempre que pode é necrófago.
Comportamento
O lobo-ibérico vive em alcateia de forte organização hierárquica. O número de animais numa alcateia varia entre os 3 a 10 indivíduos e está composta por um casal reprodutor (casal alfa), um ou mais indivíduos adultos ou subadultos e as crias do ano. A alcateia caça e defende o território em grupo.
Os indivíduos de uma alcateia percorrem uma área vital que varia em tamanho de acordo com as características da região. Em Portugal, as áreas vitais são relativamente pequenas, entre 100 e 300 km². Buscando presas, os lobos podem percorrer entre 20 a 40 km diários dentro do seu território. Essas deslocações ocorrem geralmente à noite.
Distribuição
Ainda no século XIX o lobo se distribuía por quase todo o território da Península Ibérica. Ao longo do século XX, a caça e a redução do habitat natural causaram sua extinção na maior parte desse território. Atualmente o lobo ibérico está praticamente restrito ao quadrante noroeste da península.
Portugal
Em Portugal a área de distribuição do lobo abrange cerca de 18.000 km² no norte do país. Considera-se que existem populações separadas pelo rio Douro, na área montanhosa do Parque Biológico do Douro:
Uma população próspera ao norte do Douro, em uma área montanhosa que ocupa os distritos de Bragança. Essa população abrange cerca de 50 alcateias e é contínua com a grande população do lado espanhol da fronteira. Áreas protegidas portuguesas importantes para a preservação do lobo ao norte do Douro são o Parque Biológico do Douro e o Parque Natural do Douro Internacional.
Uma população em declínio ao sul do Douro, pelos motivos de aplicação de fitofármacos, distribuída em parte dos distritos de Viseu, Guarda. Essa população abrange apenas 10 alcateias e encontra-se isolada em relação à população do norte do Douro. Seu futuro é incerto, considerando-se que pode extinguir-se no curto ou médio prazo.
Conservação
Como em toda a Europa, o lobo é temido pelas pessoas na Península Ibérica desde tempos remotos. A alegada ferocidade do lobo e o roubo de animais de criação levaram à caça sistemática destes canídeos, que tiveram sua área de distribuição geográfica muito reduzida. Enquanto no início do século XX os lobos ainda se distribuíam por quase todo o território continental português, calcula-se que hoje esses animais ocupem apenas 20% da sua área de distribuição original.
Apesar de que a caça é hoje proibida, o lobo ainda é ameaçado pela destruição da vegetação nativa e a construção de grandes infra-estruturas, como auto-estradas, que fragmentam os habitats. A diminuição do número de presas naturais do lobo, como o javali, o corço e o veado, levam os lobos a atacar animais domésticos e a entrar em conflito com as populações rurais.
Em Portugal o lobo ibérico é classificado como espécie "em perigo" (EN), enquanto em Espanha é classificado como "vulnerável" (VU). A população de Lobos Ibéricos tem vindo a aumentar devido aos esforços de vários organismos particulares tem-se mantido conservação da espécie tanto em Portugal como em Espanha.
Fojos
Na Península Ibérica, chama-se de fojo a vários tipos de armadilhas usados para capturar os lobos desde tempos remotos. As últimas batidas e capturas de lobos em fojos na península ocorreram ainda na segunda metade do século XX.
Os fojos foram comuns no norte da Península Ibérica, e são frequentes na toponímia local. Alguns ainda estão bem preservados e são importantes testemunhas da relação ancestral e conflituosa entre o homem e o lobo.
Há vários tipos de fojos. Os mais simples consistiam simplesmente de um fosso no chão, disfarçado com vegetação. O lobo era levado à armadilha por uma batida organizada pela população local ou era atraído por um isco vivo colocado dentro do fojo.
Os fojos de cabrita consistiam de um fosso de formato circular reforçado com paredes de pedra. No centro do fosso era colocado um isco vivo, como uma cabrita, para atrair o lobo. Uma vez dentro, o animal não conseguia escapar, devido à altura e formato das paredes de pedra.
Os fojos de paredes convergentes eram as estruturas mais elaboradas. Consistiam de duas longas paredes de pedra, com cerca de 2 metros de altura, que convergiam a um fosso revestido de pedra, que era disfarçado com vegetação. As populações rurais das aldeias vizinhas organizavam batidas, nas quais os lobos em fuga eram conduzidos ao fosso, sendo depois mortos. Os muros dos fojos podiam ser muito longos: os maiores conhecidos chegam a ter mais de 1 km de extensão. A construção dessas estruturas requeria o trabalho intenso das comunidades afectadas pelos lobos.
A maioria dos fojos de paredes convergentes não é usada há mais de 200 anos, mas alguns ainda eram utilizados em Espanha e em Portugal na primeira metade do século XX. A última batida conhecida que utilizou esse tipo de fojo ocorreu em finais da década de 1970.
A relação do homem com o lobo foi sempre marcada pela perseguição. Para combater o carnívoro todos os meios eram válidos e alguns implicavam grande engenho e dispêndio de energia. Os fojos do lobo são disso exemplo. Construídos no meio da serra, com paredes de pedra com dois metros de altura, implicavam a mobilização de toda a aldeia. Toneladas de pedra eram transportadas em carros de bois com um único fim – dizimar o lobo que lhes atacava os rebanhos.
Os fojos existem apenas no norte da Península Ibérica e são basicamente de dois tipos – de cabrita e de paredes convergentes. Nos primeiros, de forma circular, era colocada uma cabra que servia de engodo para atrair o lobo. Os de paredes convergentes, constituídos por duas paredes que convergem para um fosso, implicavam uma batida que envolvia toda a aldeia e, por vezes, as aldeias vizinhas. Os batedores conduziam o lobo para o fojo e este acabava por cair no fosso, previamente dissimulado com vegetação.
No início do século XX, com a vulgarização do uso do veneno e das armas de fogo, os fojos deixaram de ser usados e foram esquecidos. A acção do tempo, o vandalismo e a pilhagem de pedras contribuíram para a sua degradação. Os fojos são testemunhos únicos da arquitectura rural que simbolizam a relação ancestral do homem com o lobo na Península Ibérica”. Hoje, a destruição das alcateias passa pela colocação de venenos em várias areas rurais, com acesso facilitado ao lobos e a outras especies animais, o que pode levar a extinção dos mesmos.
Será este o futuro precoces
de todos os seres vivos, caso os humanos
não reduzam a aplicação
dos químicos.
(PSBD) Parque Selvagem/Biológico do Douro
AVISO LEGAL
El contenido de este correo electrónico y sus anexos son estrictamente restringidos PARQUE BIOLÓGICO DO DOURO - Latitude: 41.1833333 Longitude: -7.3666667 Altitude: 432 metros - Los derechos precitados podrán hacerse efectivos ante PARQUE BIOLÓGICO DO DOURO en R. ALEGRIA, 1, CARRAPATOZA - 5140-000 LINHARES DE ANSIÃES.
(Directiva 2000/31/CE do Parlamento Europeu; relatório A5-0270/2001 do Parlamento Europeu).