As tartarugas flutuam à superfície ou expõem-se nas rochas, sobretudo a meio do dia, coincidindo com o final de um longo período de natação em profundidades não aquecidas pelos raios solares. Nestas alturas, a exposição da carapaça à superfície permite aos animais um rápido aquecimento.
As tartarugas-comuns ou de águas de interior, são conhecidas por passarem a maior parte do seu tempo submersas e a grandes profundidades. Estudo realizado por Sandra Hochscheid, bióloga, e aperfeiçoado nas águas de interior (Douro) pela equipa do Parque Selvagem/Biológico do Douro continua a investigar o desenvolvimento e comportamento desta espécie nas albufeiras, enseadas e lagoas nas margens do rio Douro.
A nossa investigação, tendo como pilar base o apoio dos visitantes do PSBD, tem por objectivo equipar-se de meios humanos, técnicos e tecnológicos; para num futuro próximo termos alguns animais controlados com um dispositivo, o qual nos vai permitir seguir e acompanhar todos os movimentos destes animais.
Os resultados, já, obtidos confirmaram que estes animais passam a maior parte do tempo da sua vida submersa; cerca de 98%. No entanto, 82% do tempo que passa à superfície, para se aquecer, coincide com a hora do meio do dia.
Segundo a tese da bióloga Sandra Hochscheid, as tartarugas emergem à hora em que o sol está a pique, sobretudo depois de passarem grandes períodos submersas nadando em profundidades que a luz do sol não alcança e que, portanto, são zonas “frias”. Nestas alturas a emersão parcial da carapaça permite-lhes um rápido aquecimento – o que explica por que razão emergem em grande número à mesma hora.
No rio Douro existem alterações do comportamento desta espécie em conformidade com as cheias de inverno. No caso de grandes cheias invernosas as tartarugas emergem mais cedo devido à temperatura da água em profundidade (mais temperada). Em caso de águas mais estagnadas, quando as chuvas de inverno não alteram o volume do leito do rio Douro, o aparecimento do fitoplátano desenvolvido na água por deficits de oxigénio levará ao impedimento da passagem dos raios solares, retardando o aparecimento das tartarugas à superfície. A água à volta onde o animal hibernou pode estar a uma temperatura de zero (0º) ou menos.
Mas, as subidas à superfície podem acontecer durante a noite, em períodos de muito calor, depois de longos períodos de imersão em que os animais consomem todo o oxigénio armazenado nos músculos que, continuando em esforço, produzem ácido láctico – as emersões nocturnas permite aos animais a eliminação do ácido láctico acumulado e absorver oxigénio.
(Equipa de comunicação e biologia do PBD)